Sob legado infertil, cargo de vice não promete muito

Em Dourados, o cargo de vice-prefeito sempre foi sinônimo de figuração.

Ao longo dos anos, a segunda cadeira mais importante da Prefeitura foi reduzida a um papel decorativo, sem protagonismo ou impacto real na gestão. E, pelo visto, infelizmente, com Gianni Nogueira (PL), eleita ao lado de Marçal Filho (PSDB), não há um planejamento claro de mudança desse ciclo.

O tom do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), esposo da vice-prefeita, em uma conversa de WhatsApp, deixa isso claro.

Ele afirmou que a vice "irá desempenhar o papel de vice", demonstrando uma lealdade à hierarquia travestida de um recado ao excesso de expectativa do cidadão.

O que parece é que será mantido o status quo: sem autonomia, sem protagonismo e sem grandes contribuições para a gestão municipal, até que seja convocada.

Isso é frustrante, especialmente em um momento em que Dourados precisa de todas as suas lideranças trabalhando juntas para enfrentar problemas estruturais e promover avanços reais.

O exemplo que vem do governo tucano estadual mostra que o papel de vice pode ser bem mais relevante.

Eduardo Riedel (PSDB) confiou responsabilidades ao seu vice, Barbosinha, que atualmente governa o Estado como interino. Essa parceria demonstrou que, quando o vice tem espaço e é ouvido, quem ganha é a população.

Em Dourados, essa perspectiva parece distante. O discurso de "respeitar o mandato do prefeito" é, na prática, um recado de que Gianni Nogueira ficará à margem das decisões, perpetuando um padrão de irrelevância do cargo.

O maior prejuízo dessa postura é nas costas da própria cidade. Um vice com espaço e atuação pode fazer a diferença, trazendo mais força à gestão e ampliando o alcance das políticas públicas. Não se trata de competir com o prefeito, mas de colaborar de forma estratégica.

Gianni tem uma escolha a fazer: seguir o roteiro histórico de uma vice apagada ou romper esse ciclo, buscando relevância e construindo um papel mais ativo. A cidade espera – e precisa – de mais do que um nome no organograma. O momento de mudar é agora.