Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 30% nas apreensões de drogas em 2024, com mais de 525 toneladas de entorpecentes interceptados entre janeiro e novembro, segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). O crescimento reflete o esforço conjunto das forças de segurança estaduais e federais, mas expõe o impacto financeiro e estrutural que o tráfico de drogas impõe ao Estado. O governador Eduardo Riedel ressaltou esses desafios durante o 16º Fórum dos Governadores, em Brasília, cobrando apoio da União para equilibrar os custos do sistema prisional, onde 40% dos detentos estão envolvidos com o tráfico.
Com uma posição estratégica na fronteira com Bolívia e Paraguai, o Estado se tornou um dos principais corredores do tráfico internacional de drogas no Brasil. O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) atribui os números expressivos às operações integradas, investimentos em tecnologia e inteligência, além de parcerias com outras unidades federativas e órgãos como Polícia Federal e Receita Federal. A maior parte das apreensões ocorreu no interior do Estado, totalizando 471 toneladas, enquanto Campo Grande somou 54 toneladas.
Além das apreensões, Mato Grosso do Sul enfrenta custos anuais de R$ 230 milhões para manter uma população carcerária de 23 mil presos, com um custo médio mensal de R$ 2.003 por detento. "Essa droga não fica no Mato Grosso do Sul, mas os custos recaem integralmente sobre o Estado", afirmou Riedel, destacando que o sistema prisional local possui uma densidade de 750 presos por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional de 350.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública foi um dos pontos centrais do Fórum dos Governadores, com o objetivo de estabelecer um pacto federativo para enfrentar o crime organizado. Riedel defendeu a inclusão de mecanismos que garantam justiça fiscal aos estados fronteiriços, como Mato Grosso do Sul, que enfrentam uma carga desproporcional no enfrentamento ao tráfico. Ele também apoiou uma proposta alternativa dos secretários estaduais de segurança pública, que busca preservar a autonomia dos estados enquanto fortalece a coordenação nacional.
A atuação das forças de segurança no Estado, que inclui o fechamento de bocas de fumo e repressão ao tráfico urbano por instituições como a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (DENAR), foi destacada como essencial para a redução de crimes associados ao narcotráfico. No entanto, o governo estadual alerta que sem uma redistribuição justa dos custos, o modelo atual será insustentável a longo prazo. Riedel pontuou que a PEC da Segurança Pública é uma oportunidade para corrigir essas distorções e proporcionar uma resposta efetiva ao crime organizado, enquanto o Estado continua sendo um pilar no combate ao tráfico nacional e internacional.
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