Na manhã desta segunda-feira (25), moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru, em Dourados, bloquearam a rodovia MS-156 nos dois sentidos, em protesto contra a recorrente falta de água nas comunidades. O bloqueio, que inclui pontos dentro das aldeias para evitar desvios, restringe o tráfego e permite passagem apenas de veículos de emergência que comprovem o transporte de pacientes.
Ao Ligado na Notícia, Ramão Fernandes, líder indígena da aldeia Jaguapiru, informou que a situação é crítica e se agrava com o tempo. “Faz anos que nos prometem soluções, mas se não lutarmos, vamos passar o Natal e o Ano Novo sem água”, afirmou. Ele relatou que mulheres e crianças têm caminhado mais de três quilômetros diariamente em busca de água em córregos ou em torneiras localizadas nos arredores das aldeias.
No domingo (24), caminhões-pipas foram enviados às comunidades após a divulgação de que a rodovia seria bloqueada nesta segunda-feira. Apesar disso, os manifestantes afirmam que a solução é paliativa e insuficiente para atender às necessidades das comunidades.
Na última sexta-feira (22), a prefeitura de Dourados e o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei/MS) assinaram um Termo de Parceria para melhorar o abastecimento de água nas aldeias Jaguapiru, Bororó e Panambizinho. O documento prevê ações como a construção de poços tubulares e melhorias no sistema de saneamento ambiental, com projetos a serem elaborados por geólogos do Dsei e submetidos ao município para orçamento e execução.
Segundo a prefeitura, já há recursos disponíveis para a perfuração de um poço na aldeia Jaguapiru, mas o acordo inclui a extensão das melhorias às outras comunidades. As redes de abastecimento de água, preservação ambiental e demais infraestruturas necessárias também serão planejadas pelo Poder Executivo e submetidas à análise técnica do Dsei, garantindo que os projetos atendam aos padrões da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
O bloqueio na MS-156 segue sem previsão de liberação. Os manifestantes ressaltam que, sem ações concretas, a paralisação pode se estender. O caso evidencia um problema antigo e persistente, que afeta diretamente a qualidade de vida das comunidades indígenas na região.
OUTROS BLOQUEIOS
Há bloqueios também em outros trechos do estado. Manifestantes do MST bloquearam trechos da MS-384 entre Ponta Porã e Antônio João, além de outros pontos no estado, como a rodovia entre Anastácio e Miranda. O protesto, que começou nas primeiras horas desta segunda-feira (25), ainda não tem previsão de encerramento. Representantes do Incra informaram que estão em diálogo com os manifestantes para tentar resolver a situação. Em Nova Itamarati, o trecho para Ponta Porã segue liberado e com trânsito normal, segundo o Ponta Porã Informa.
